sábado, 22 de setembro de 2007

Usina de Teatro ensaia "O Auto das Sete Luas de Barro", de Vital Santos







"O Auto das Sete Luas de Barro", de Vital Santos é a peça que a Usina de Teatro da UNAMA pretende mostrar brevemente ao público. Trata-se da vida e da obra do Mestre Vitalino, ceramista e artista popular consagrado pelo talento de moldar bonecos de barro. Nativo de Caruaru, no sertão pernambucano, o mestre criou escola com a sua arte simples que retratava o cotidiano sofrido do povo nordestino.


"Mestre Vitalino teve um destino igual ao de muitos artistas populares. Ele é da mesma estirpe genial de um Mestre Verequete ou de um Mestre Cupijó, que são artistas daqui da nossa terra. Apesar de ter tido um reconhecimento imenso de sua obra ainda em vida, ainda amargava dificuldades imensas para viver de seu trabalho, não obstante a importância e a beleza de sua obra.", diz Paulo Santana. "Vamos falar da cultura do povo nordestino com alegria, como se estivessemos falando da nossa. É impossível transmitir para os atores a vivência de um povo que não está diretamente no seu sangue, mas a energia e alma popular brasileira está em todos nós. Falando deles falamos de nós e vice-versa", continua.

A Usina de Teatro da UNAMA é composta por alunos da instituição e por pessoas da comunidade. "A comunidade que circunda o campus da Alcindo Cacela, principalmente da Pedreira e do Umarizal, espera nossos trabalhos, inclusive cobrando. Alguns atores são até parados na rua e lhes perguntam: "Ei! Quando vai ter peça de novo?", comenta o coordenador do Setor de Artes Cênicas e Musicais da universidade.

"Em uma década de história, a Usina tem muito o que contar", continua o diretor," já foram realizadas diversas montagens e adaptações, inclusive premiadas, tais como: 'O Silêncio é de Ouro, A Palavra de Latão' , de Gian Francesco Guarnieri, com premiação na XV Mostra Estadual de Teatro do Pará, em 1999, promovido pela Federação Estadual de Atores, Autores e Técnicos de Teatro; 'Auto da Barca do Inferno', de Gil Vicente; 'Ubu – Uma Odisséia em Bundalelê', inspirado na obra Ubu Roi, de Alfred Jarry; 'Prelúdio', de Waldemar Henrique; e 'De uma noite de Festa', de Joaquim Cardoso; "Cancão de Fogo", de Jairo Lima e agora essa obra-prima do Vital Santos."

Os atores e atrizes da nova montagem estão tendo aulas de preparação corporal com Luiz Fernando Vila Nova, acompanhamento de fonoaudiólogo e ensaios quase diários. "Está sendo muito difícil. Interpretar uma criança não é fácil. Tenho observado crianças nas ruas e isso tem me ajudado", comenta Thyago Freitas, ator que está interpretando Vitalino quando criança e é bolsista da universidade.

"Acho que nós vamos mostrar esse texto da maneira que o Paulo exige. É meu primeiro espetáculo", acredita Duda Moraes, que interpreta Vitalino adulto. Lucas Girard, que interpreta a fase mais conflituosa do Mestre Vitalino, desiludido e entregue à bebida, completa: "Ele materializava o sofrimento do povo no barro. Ver além do homem ingênuo, do Nordeste, ultrapassando os estereótipos é difícil.

Sobre o autor Vital Santos

Teatrólogo pernambucano, iniciou a carreira na cidade de Caruaru, Pernambuco, onde em 1966 foi um dos fundadores do Grupo Evolução. Em 1967, escreveu sua primeira peça: "Feira de Caruaru".

Com a peça "Rua do Lixo 24", escrita em 1968, ganhou cinco prêmios no Festival Nacional de Teatro (realizado em 1969) e percorreu o Brasil inteiro. Com a peça "O Auto das Sete Luas de Barro" (uma biografia do ceramista Mestre Vitalino) ganhou vários prêmios, entre os quais o Prêmio Molière; Mambembe; da Associação dos Críticos de Arte de São Paulo e o Prêmio Governador do Estado do Rio de Janeiro. Outra peça ganhadora de vários festivais nacionais de teatro foi "O Sol Feriu a Terra e a Chaga se Alastrou".

Vital Santos é um pernambucano de fácil comunicação, nascido e criado em Caruaru, uma das mais importantes cidades do agreste, que entendeu, desde cedo, que de nada adianta a (in)formação intelectual alienígena, sofisticada, sem estar com o pé na terra - nem sempre generoso do Nordeste, assolada por problemas que o homem, apesar de tudo, sabe enfrentar. Por isso, há muitos anos que vem desenvolvendo uma dramaturgia profundamente brasileira, escrevendo sobre as coisas do povo, utilizando seus valores, símbolos e conceitos em 14 peças, 8 das quais já encenadas e três premiadas. Seu entusiasmo, amor e dedicação pela cultura popular foram reconhecidas e mesmo não sendo político acabou sendo designado para a Secretaria de Turismo e Cultura daquele município.

* Matéria de Luiz Fernando Vaz

5 comentários:

Unknown disse...

Boa idéia o site, porem sugiro q troque plano de fundo q dificulta e doi muito a visão. Sucesso!

duds disse...

vida longa a este blog!

espero que v� pra frente luis!

abra�os

duda moraes

Unknown disse...

Boa reportagem! Deveria se estender ao processo de construção de outros grupos de teatro, a fim de que daqui algum tempo passamos ter uma visão mas crítica e geral do Teatro Paraense. Valeu!

Elane disse...

O trabalho de voçês são maravilhoso.Acredito na força da "Arte",principálmente do Teatro e tantos outros. E no desempenho das pessoas que lutam pelo seu ideal em conjunto.
Pois,
a União faz a Força.

Elane disse...

O trabalho de voçês são maravilhoso.Acredito na força da "Arte",principálmente do Teatro e tantos outros. E no desempenho das pessoas que lutam pelo seu ideal em conjunto.
Pois,
a União faz a Força.